Trump afirma que, ao fim do conflito, Israel cederá a Faixa de Gaza aos EUA.

Presidente dos EUA afirmou que um território palestino pode se transformar na 'Riviera do Oriente Médio

06/02/2025 - 15:38
Trump afirma que, ao fim do conflito, Israel cederá a Faixa de Gaza aos EUA.
Foto capturada de www.usatoday.com

Em coletiva realizada na terça-feira (4) ao lado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que, ao término do conflito com o Hamas, a Faixa de Gaza seria "entregue aos EUA por Israel". Segundo Trump, essa medida integra um plano para transformar o território palestino, prevendo que a administração americana assumiria o controle da região e que os palestinos seriam realocados para países vizinhos, como Jordânia e Egito.

Na quarta-feira (5), o Secretário de Estado, Marco Rubio, procurou justificar os comentários do presidente, explicando que a proposta visava atribuir a responsabilidade de reconstruir a área a quem se dispusesse a fazê-lo, com a população sendo temporariamente transferida enquanto o processo de reconstrução estivesse em andamento.

Em uma postagem nas redes sociais nesta quinta-feira, Trump detalhou que, no momento em que Gaza fosse "entregue", os palestinos já teriam sido reassentados em comunidades mais seguras e modernas, com novas residências e infraestrutura adequada. Ele também destacou que a operação não exigiria o envio de tropas americanas à região, embora não tenha descartado a possibilidade do uso de militares em algum estágio.

Na mesma publicação, Trump mencionou que os Estados Unidos trabalhariam com equipes internacionais para iniciar, de forma gradual e cautelosa, um dos maiores e mais impressionantes projetos de desenvolvimento já vistos.

Reações Internacionais e Locais

A proposta, contudo, foi fortemente repudiada por líderes mundiais e pelos próprios palestinos. Autoridades internacionais criticaram a ideia de que os EUA assumissem o controle de Gaza e promovesse o deslocamento forçado de sua população. Em entrevistas à CNN, moradores de Gaza afirmaram que, mesmo diante da destruição generalizada, não abandonariam o território, recordando a expulsão de aproximadamente 700 mil palestinos ocorrida em 1948, durante a criação do Estado de Israel. Um dos palestinos entrevistados enfatizou: “Vivemos sob bombardeio por um ano e meio. Depois de todo esse sofrimento, fome, bombardeio e morte, não deixaremos Gaza facilmente. Preferimos o inferno de Gaza do que o paraíso de qualquer outro país… se nos derem todo o dinheiro do mundo, não deixaremos esta terra.”

A Jordânia também se manifestou, com o Rei Abdullah II enfatizando a necessidade de interromper a expansão dos assentamentos israelenses e rejeitando qualquer tentativa de anexação de terras que resultasse no deslocamento dos palestinos. Paralelamente, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou categoricamente que os palestinos não abrirão mão de suas terras, direitos e locais sagrados, ressaltando que Gaza, juntamente com a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, compõe a base do futuro Estado da Palestina. Abbas classificou qualquer transferência do território para os EUA como “grave violação do direito internacional.”

O chanceler egípcio, Badr Abdelatty, em conversa com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Mustafa, defendeu a continuidade dos projetos de recuperação em Gaza sem que haja o deslocamento forçado de sua população. Enquanto isso, Netanyahu afirmou que a proposta de Trump poderia “mudar a história” e considerou que a alternativa valeria a pena ser explorada.

Contexto Histórico de Gaza

A Faixa de Gaza é um dos dois territórios palestinos, ao lado da Cisjordânia, e faz fronteira com a Jordânia. Anteriormente, a região integrava o Império Otomano, tendo sido posteriormente administrada pelo Reino Unido após a Primeira Guerra Mundial. A disputa pelo território se intensificou após a Segunda Guerra Mundial, quando judeus europeus migraram para a região em busca de refúgio após o Holocausto.

Em 1947, a ONU propôs um plano de partilha do então Mandato Britânico da Palestina, dividindo-o em áreas destinadas a judeus e árabes. No ano seguinte, com a proclamação do Estado de Israel por David Ben Gurion, mais de 700 mil palestinos foram expulsos ou forçados a fugir, sendo a maioria impedida de retornar. Israel manteve o controle da Faixa de Gaza por quase 40 anos, retirando tropas e colonos da região apenas em 2005.