Igreja de Ouro: Iphan foi alertado sobre risco no teto antes do desabamento

A Comunidade Franciscana da Bahia informou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre uma anomalia no teto da Igreja de São Francisco, localizada no centro histórico de Salvador, dois dias antes do desabamento.

Em uma carta enviada ao órgão na segunda-feira (3), à qual o ATUALIZE-SE teve acesso, o Vigário da Igreja e Convento de São Francisco, Frei Lorrane Clementino, mencionou a identificação de uma dilatação no forro do teto e solicitou uma vistoria técnica.

Agendamento da visita e posicionamento do Iphan

O presidente do Iphan, Leandro Grass, confirmou à Atualize-se que a solicitação foi recebida e que a inspeção estava marcada para esta quinta-feira (6). Ele afirmou que, no pedido, a ordem franciscana não indicou problemas estruturais graves e que não houve atrasos no processo de análise por parte do instituto.

O documento enviado ao Iphan também incluía imagens do teto da basílica e um pedido de orientações sobre possíveis soluções para o problema, destacando a necessidade de seguir critérios técnicos e de preservação de bens tombados.

Investigação em andamento

A Polícia Civil da Bahia e a Polícia Federal abriram investigações para apurar as causas do colapso do teto da igreja, ocorrido na quarta-feira (5). O incidente resultou na morte da turista paulista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, que estava de férias na Bahia. Outras cinco pessoas ficaram feridas, segundo o Corpo de Bombeiros.

Em nota, assinada pelos Freis Rogério Lopes da Costa e Pedro Júnior Freitas da Silva, a Província Franciscana lamentou a tragédia e destacou a relevância histórica e religiosa da igreja. “Este é um dia de imensa dor para nossa comunidade, e estamos profundamente consternados com o ocorrido. Pedimos a todos que se unam a nós em oração”, declarou o comunicado.

Patrimônio histórico e descaso na conservação

O Convento e a Igreja de São Francisco são reconhecidos como duas das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo e estão tombados pelo Iphan. Construída entre os séculos 17 e 18, a igreja é um dos maiores ícones do barroco colonial.

Em 2022, o Iphan multou a Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil devido ao estado de degradação do templo e à falta de manutenção adequada. Em maio de 2023, foi concluída a restauração dos painéis de azulejaria portuguesa, um projeto que custou R$ 4,1 milhões. Atualmente, está em andamento um projeto de restauração completa da igreja e do convento, estimado em R$ 1,2 milhão.