Após 16 meses novos reféns são liberados movimento islamista Hamas
O grupo Hamas libertou neste sábado (8) três reféns israelenses que estavam em cativeiro na Faixa de Gaza há 16 meses. A libertação faz parte da quinta troca de prisioneiros palestinos, viabilizada pelo cessar-fogo com Israel, em vigor desde 19 de janeiro.

Neste sábado (8), três reféns israelenses que estavam em cativeiro na Faixa de Gaza por 16 meses foram libertados pelo Hamas. A libertação foi parte de uma troca de prisioneiros viabilizada pelo cessar-fogo entre o grupo e Israel, vigente desde 19 de janeiro.
Os reféns – Or Levy, de 34 anos; Eli Sharabi, de 52; e Ohad Ben Ami, de 56, que também possui cidadania alemã – foram entregues à Cruz Vermelha, que os transferiu para o Exército israelense. Eles haviam sido capturados em Israel no dia 7 de outubro de 2023, durante um ataque do Hamas que resultou no sequestro de 251 pessoas.
A libertação ocorreu em meio a uma cerimônia organizada pelo Hamas na cidade de Deir el Balah, no centro de Gaza. No evento, dezenas de combatentes mascarados formaram um cordão ao redor de um pódio, decorado com bandeiras do grupo, imagens de tanques israelenses destruídos e fotos de comandantes mortos em bombardeios.
O Fórum das Famílias de Reféns de Israel classificou a cena como "chocante", destacando que os libertados, visivelmente exaustos, foram forçados a discursar no pódio por um militante encapuzado que segurava um microfone. O presidente israelense, Isaac Herzog, denunciou a exibição como “um ato cínico e cruel”, que representaria um “crime contra a humanidade”. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também condenou o episódio, prometendo que Israel responderá às imagens divulgadas.
Em troca dos três reféns, Israel anunciou a libertação de 183 prisioneiros palestinos, incluindo 18 sentenciados à prisão perpétua, 54 condenados a penas longas e 111 detidos em Gaza após os eventos de 7 de outubro de 2023, segundo Amani Sarahneh, porta-voz do Clube dos Prisioneiros Palestinos.
Na Cisjordânia, os prisioneiros libertados foram recebidos com celebrações ao chegarem de ônibus à cidade de Ramallah.
Contexto e Negociações
A troca enfrentou incertezas até a última sexta-feira (7), após declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante um encontro com Netanyahu na Casa Branca, ele sugeriu que os EUA assumissem o controle de Gaza e que sua população fosse reassentada em países vizinhos – uma ideia rejeitada pelo Hamas e criticada pela comunidade internacional.
A libertação dos reféns ocorre em um cenário de perdas trágicas para as famílias envolvidas. A esposa de Eli Sharabi e suas duas filhas morreram no ataque ao kibutz Beeri, no sul de Israel, no dia 7 de outubro. Seu irmão, Yossi Sharabi, sequestrado separadamente, é dado como desaparecido e pode ter sido morto.
Or Levy perdeu sua esposa, Einav, durante o ataque ao festival de música Nova, próximo à Faixa de Gaza. Já a esposa de Ohad Ben Ami, sequestrada com ele, foi libertada em novembro de 2023 durante uma trégua temporária.
Desde 19 de janeiro, um total de 21 reféns israelenses e 582 prisioneiros palestinos foram libertados, além de um egípcio. O acordo atual prevê a libertação de 33 reféns israelenses, incluindo pelo menos oito que já teriam morrido, em troca de 1.900 prisioneiros palestinos.
O destino de outros reféns ainda é incerto. Na semana passada, Yarden Bibas foi solto, mas sua esposa, Shiri, e seus filhos, Ariel, de cinco anos, e Kfir, de dois, permanecem desaparecidos. O Hamas afirma que os três foram mortos em um bombardeio israelense, mas o Exército de Israel não confirmou essa informação.
Atualmente, 73 reféns sequestrados em outubro ainda estão em Gaza, sendo que pelo menos 34 teriam morrido, segundo as Forças de Defesa de Israel.
A segunda fase do acordo, ainda em negociação, busca garantir a libertação de todos os reféns e o fim definitivo do conflito, antes de uma etapa final focada na reconstrução da Faixa de Gaza.
Desde o início do conflito, o ataque do Hamas deixou 1.210 mortos do lado israelense, a maioria civis, conforme dados oficiais. A ofensiva israelense, por sua vez, resultou na morte de pelo menos 47.583 pessoas em Gaza, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.